
Que o clima interno do PL, tanto em Caxias quanto em nível nacional, não é dos mais amigáveis, não chega a ser novidade. Nesta quinta-feira (29), porém, o vereador Sandro Fantinel (PL) revelou na tribuna ter sido classificado como persona non grata por integrantes nacionais da legenda. O “título” foi comunicado durante uma viagem a Brasília, realizada na semana ada.
Ao questionar o motivo, Fantinel afirma ter ouvido como resposta “porque o senhor não ataca os prefeitos e secretários. O PL é ideológico, tem que atacar”.
Fantinel não adota uma postura de oposição automática à istração municipal, ao contrário de outros colegas de partido. Trata-se de uma aproximação que mantém com Adiló desde 2023, quando o prefeito não lhe virou as costas no episódio das declarações sobre os baianos.
O parlamentar finalizou o pronunciamento dizendo que o PL “possui os mecanismos legais para fazer o que considera justo”.
Hienas
Líder da bancada do PL, o vereador Hiago Morandi cumprimentou Fantinel pela manifestação e comparou grupos internos dos partidos a hienas, que “atacam em bando”. Sem citar exemplos, o parlamentar também recordou já ter enfrentado polêmicas dentro da sigla.
Morandi mantém uma relação conturbada com o presidente municipal do PL, Maurício Scalco. No início do ano, o vereador chegou a solicitar que o ex-candidato a prefeito fosse impedido de ar seu gabinete no prédio da Câmara.
Servidores x CCs
Em outro momento, Fantinel rebateu críticas direcionadas ao poder público sobre os custos envolvendo vereadores e cargos em comissão. As manifestações ocorreram no contexto da paralisação dos servidores.
Ao defender os comissionados, o parlamentar chegou a afirmar que “se todos os servidores cumprissem com suas tarefas, não haveria necessidade de CCs” e que o “servidor que não trabalha tem estabilidade de emprego”. Em outra declaração, Fantinel afirmou que “50% dos servidores deveriam ganhar muito mais, e o restante deveria ar por uma prova novamente”.
A fala gerou desconforto. A vereadora Rose Frigeri (PT) declarou que generalizações provocam injustiças. Já o vereador Claudio Libardi (PCdoB) recomendou ao colega ingressar judicialmente contra quem imputa crime, alertando para o risco de generalizações gerarem um “ivo” a Fantinel e aos demais parlamentares.
Vinho
O incômodo de Fantinel envolve também críticas recebidas após a publicação de uma foto em que aparece tomando vinho ao lado do secretário de Saúde de Caxias, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, e do representante da cidade em Brasília, Mauro Pereira. Eles se encontraram na capital federal na última semana.
A imagem foi divulgada por uma assessora da Comissão de Agricultura da Câmara, presidida por Fantinel, e gerou comentários insinuando que o grupo estaria se divertindo com recursos públicos em Brasília.
No plenário da Câmara, a única referência ao episódio até então havia sido feita por Hiago Morandi (PL), na semana ada, durante uma crítica ao secretário de Saúde. O vinho, segundo Fantinel, custou R$ 38.
A agenda do vereador na capital federal envolveu a busca de recursos para agricultura, saúde e para a escola Antônio Avelino Boff, em Fazenda Souza. Freitas esteve em ministérios e no Congresso também em busca de verbas para o custeio de atendimentos na cidade.